Templo Caboclo Pantera Negra

Os dezesseis mandamentos de Ifá

Por Mario Filho

 

Este texto é um guia comportamental a todos os Sacerdotes e Sacerdotisas de Tradição Afro-religiosa, retirado do Odù Ìká-Òfún:

 

Texto em Yorùbá:

Ení da ilẹ̀ á bá ilẹ̀ lọ

A d’ífá fún àgbààgbà mẹ́rìndínlógún

Wọ́n nrelé Ifẹ̀ wọ́n nlo rèé toró ógbó

Àwọn lè gbó àwọn lè to bi Olódùmarè tí rán wọn ni wọ́n dá Ifá si

Wọ́n ní wọ́n a gbó, wọ́n a tọ́ ṣùgbón kí wọ́n pa ìkìlọ̀ mọ́

Ifá ní:

1) wọ́n ní kí wọ́n ma fi èsúrú pe èsúrú
2) wọ́n ní kí wọ́n ma fi èsúrú pe èsúrú
3) wọ́ní kí wọ́n ma fi odídẹ pe òòdẹ̀
4) wọ́n ní kí wọ́n ma fi ewé Ìrókò pe ewé Oriro
5) wọ́ní kí wọ́n ma fi àimòwè bá wọn dé odò
6) wọ́n ní kí wọ́n ma fi àìlókó bá wọn ké háin-háin
7) wọ́n ní kí wọ́n ma gba ọnà èbùrú wọ’lé Àkàlà
8) wọ́n ní kí wọ́n ma fi ìkóòdẹ̀ nu ìdí
9) wọ́n ní kí wọ́n ma su sí epo
10) wọ́n ní kí wọ́n ma tò sí àfò
11) wọ́n ní kí wọ́n ma gba òpá l’ọ́wọ́ afọ́jú
12) wọ́n ní kí wọ́n ma gba òpá l’ọ́wọ́ ògbó
13) wọ́n ní kí wọ́n ma gba obìnrin ògbóni
14) wọ́n ní kí wọ́n ma gba obìnrin òré
15) wọ́n ní kí wọ́n ma s’ọ̀rọ̀ ìmùlẹ̀ l’ẹ́hìn
16) wọ́n ní kí wọ́n ma sàn-án ìbàntẹ̀ awo

Wọ́n dé’lé ayé tán ohun tí wọ́n ní kí wọ́n má ṣe wọ́n nṣe

Wọ́n wá bẹ̀rẹ̀ síí kú

Wọ́n fí igbe ta, wẹ̀n ní Òrúnmìlà npa wọ́n

Ọ̀rúnmìlà ní òun kọ́ l’óún npa wọ́n

Ọ̀rúnmìlà ní àìpa ìkìlọ̀ mó o wọn ló npa wọ́n

Àgbà rẹ d’owó rẹ.

 

Tradução para o português, com sua interpretação:

Muitos andam pela vida sem rumo e acabam indo buscar os conselhos de Ifá. Este era o caso dos ancestrais que buscaram cobrar de Ifá a promessa feita por Olódùmarè (Deus), que dava a eles uma vida longa.

 

Diz Ifá:

1º. Não digam o que não sabem (èsúrú pode ser tanto uma conta sagrada como um nome de uma pessoa).

Um sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui. E jamais dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos ou adquiridos de forma legítima. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da religião.

 

Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves consequências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos.

2º. Não façam ritos que não saibam fazer (novamente avisa: não troquem a conta sagrada pelo nome).

Não se podem realizar rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o colar de uma divindade (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.

 

Para ser um sacerdote são necessários inúmeros atributos éticos, morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais. A simples iniciação de um ser, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado. Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia.

 

Observa-se a diferença entre “ser sacerdote” e “estar sacerdote”. Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de sacerdote, jamais será um verdadeiro sacerdote. Estará sacerdote, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais será sacerdote, condição imposta por sua vocação, dedicação, espiritualidade e desprendimento. Caberá ao sacerdote iniciador do neófito consultar Ifá, com muito critério, para apurar se aquele noviço será realmente digno do sacerdócio.

3º. Não enganem as pessoas.

O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.

 

É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o cercam. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o suor alheio. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle.

 

Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro da felicidade, de acordo com os ditames estabelecidos por seu destino pessoal e de seus ancestrais protetores.

 

Quem chega aos pés de Ọ̀rúnmìlà para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste. A pessoa que chega com um problema deve tê-lo solucionado e não o ver acrescentado de outros criados de forma artificial com o fito de proporcionar a quem a consulta vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos sexuais.

4º. Não conduzam as pessoas a uma vida falsa (mostrando a folha de ìrókò e dizendo que é folha de oriro).

Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A troca de uma simples folha pode tornar sem efeito um grande ritual, da mesma forma que as folhas do Àràbà não são iguais às folhas de Akókò.

 

O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade. Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de trocar “isto” por “aquilo” quando em “aquilo” é que está a solução.

 

Aquele que utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes será culpado do crime de abuso de confiança. Aquele que usa de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração provoca o descontentamento de Òrúnmìlá e a consequente ira de Èṣù.

 

“Ọ̀rúnmìlà é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde o mesmo possa nos olhar com desprezo”.

5º. Não queiram ser uma coisa que vocês não são (não queiram nadar se vocês não conhecem o rio).

O saber é fundamental para quem quer fazer. Para tanto, é necessário o poder, que só o conhecimento pode outorgar.

 

Um sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente. Um sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua. Procurar saber não avilta, mas, pelo contrário, exalta o ser humano. O saber é condição básica para que se possa fazer. E todo ritual deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele.

 

Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural. Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação. A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Não existe ser neste mundo que saiba tudo!

 

“Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar”.

6º. Não sejam orgulhosos e egocêntricos.

Humildade e desprendimento são atributos indispensáveis de um verdadeiro sacerdote.

 

Um sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles e não deve agir somente visando o próprio benefício, existe para servir e não para ser servido. A vaidade transforma o homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de terceiros, irá provocar a sua morte. Num Ifádù (caminho de Ifá) encontramos narrativas que falam do exibicionismo do pavão que, ostentando a beleza de sua plumagem, atrai para si a atenção de todos que, depois de sacrificá-lo, transformam suas penas em belos leques e adornos.

 

O verdadeiro sacerdote não se preocupa em exibir seu poder nem o seu saber em disputas vãs e inconsequentes. Acumula em si uma grande carga de sabedoria que transmite com dedicação a quem merece saber. O exibicionismo é um dos maiores defeitos num ser humano e inadmissível a um sacerdote. Já dizia o velho jargão: “Num burro carregado de açúcar, até o suor é doce”. É assim que, aos olhos do sábio, parecem os exibicionistas: “burros carregando açúcar”.

7º. Não busquem o conselho de Ifá com más intenções ou falsidade (Àkàlà é um título usado para Ọ̀rúnmìlà).

As boas intenções devem prevalecer acima de tudo.

 

A iniciação não pode ser motivada por interesses que não sejam puramente religiosos. As verdadeiras intenções do iniciando devem ser cristalinas como a água pura e devem ser desprovidas de qualquer outro objetivo que não seja servir à humanidade. Querer iniciar-se no culto por simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é profanar o sagrado. Aquele que profana o sagrado, tabernáculo das divindades, movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.

 

O conhecimento corresponde às responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir. O conceito mais amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando adquirir a confiança de sua vítima para ter base de agir no momento mais propício aos seus objetivos. A mesma responsabilidade assume aquele que inicia pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a simples vantagem financeira. É muito melhor errar por não saber do que saber e persistir no erro.

8º. Não rompam (não mudem) ou revelem os ritos sagrados, fazendo mau uso deles.

A pena chamada Eekodídẹ é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser aviltada.

 

Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas consequências. O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Odù. A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às divindades cultuadas. A obediência total às orientações de Ifá conduz o homem à plenitude das bênçãos. Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde a profanar o sagrado.

 

Não se deve utilizar o conhecimento para prejudicar a quem quer que seja. A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta. Da mesma forma, aquele que se utiliza deste conhecimento visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto.

 

“Tornar vil um símbolo de iniciação como o Apenin” é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis.

9º. Não sujem os objetos sagrados com as impurezas dos Homens, busquem nos ritos sagrados somente coisas boas.

A sujeira e a falta de higiene são incompatíveis com o rito.

 

Os Elementos sagrados, indispensáveis ao ritual, hão de ser sempre muito puros e limpos. Da mesma forma, tudo deve ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos e principalmente, as atitudes. É inaceitável a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto, quer seja físico, ambiental ou moral. O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo. Seus instrumentos litúrgicos, os altares das divindades cultuadas, seus trajes, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre, impecavelmente limpos. Nenhum Òrìṣà admite a sujeira, seja ela física ou moral.

10º. Os templos devem ser lugares puros, de onde a sujeira do caráter humano deve ser lavada.

Tudo aquilo que antecede a um rito e que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.

 

Da mesma forma que o ritual deve ser cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir os mesmos princípios. Preparar as comidas é também um ritual e deve ser realizado em total circunspeção e concentração religiosa. Durante a preparação das ofertas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa deve ser a mesma de quem participa do ritual em si. É inadmissível que, neste momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos, humilhando a quem sabe menos. A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe menos, é uma obrigação sagrada.

11º. Não desrespeitem ou inferiorizem os que têm maior dificuldade de assimilar conhecimentos ou deficiências no caráter, ajude-os a mudar.

Não se deve retirar a bengala de um cego. (A bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho).

 

O sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha. Uma das mais importantes missões do sacerdote é ensinar e orientar.

 

Muitas vezes surgem pessoas que nada sabem e julgam saber. É neste momento que o sábio aflora no sacerdote e a orientação correta e o ensinamento certo são passados, com doçura, sutileza e humildade, sem melindrar a quem os recebe e sem provocar confusões em sua cabeça. Tudo deve ser ensinado com clareza e lógica. O Sacerdote, no exercício de seu sacerdócio, assume também a missão de mestre.

12º. Não desrespeitem os mais velhos, a sabedoria está com eles, a vida os fez aprender.

Não se retira o bastão de um ancião. (O bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos anos em que viveu).

 

Deve-se respeitar e tratar muito bem os mais velhos, principalmente os mais antigos na religião. O respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde, reconhecidamente, antiguidade é posto. Faltar-lhes com o devido respeito e atenção é como lhes retirar o bastão em que se apoiam. Aquele que sabe respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.

 

Os velhos, pelas experiências vividas, representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar beber um pouco, saciando a sede de saber. São livros sagrados, cujas páginas devem ser lidas com paciência e carinho. Uma religião que, durante séculos incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos. Um velho, por mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos longos anos vividos, a ensinar. Devemos lembrar sempre que, se antiguidade é posto, saber é poder!

13º. Não desrespeitem as linhas de condutas morais.

O Sacerdote, como homem de bem, deverá pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas leis de Ifá.

 

Pugnar pela obediência às leis é uma das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus seguidores. Da mesma forma, as leis de Ifá devem ser observadas integralmente e a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem. O homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve fazer parte como célula importante.

14º. Nunca traiam a confiança de seu semelhante.

Os amigos devem ser respeitados e uma amizade não pode ser traída.

 

Deve-se valorizar a amizade, que deve ser pautada, sempre, pelo respeito mútuo e na reciprocidade ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos. “Um amigo vale mais do que um parente”. Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabem-nos escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se elegemos de livre e espontânea vontade nossos amigos, por que traí-los? Por que não dar a eles o mesmo tratamento que gostaríamos que nos dessem? Conservar as amizades e tratar os amigos com respeito e carinho é, acima de tudo, uma demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um grande tesouro.

 

“Mais vale um amigo na praça do que dinheiro no banco”.

15º. Nunca revelem segredos que lhe são confiados; falar pouco e somente o necessário demonstra sabedoria.

Não se deve usar a religião para motivar a guerra e a separação dos homens.

 

A religião tem por finalidade única unir os homens através do Criador. Não é concebível, portanto, que possa ser utilizada como elemento apartador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta, e visando seus próprios interesses, jogam uns contra os outros, semeando a desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos. Muitas guerras têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor e o pranto. A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara para o seu motivo real: a obtenção do poder.

 

O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os homens são Seus filhos e, por consequência, irmãos entre si. Da mesma forma, os sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair os seguidores de outros templos coirmãos.

16º. Respeitem os que possuem cargos de responsabilidade maior; o Babaláwo é um Pai, portanto, é devido grande respeito a ele.

Não se deve, nunca, faltar com respeito a outro sacerdote. Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito.

 

Uma única palavra pode sintetizar o 16º mandamento de Ifá: Ética. Os sacerdotes, independente de funções e hierarquia, devem respeitar-se mutuamente. A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética-religiosa, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procura corrigí-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado. Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido o desenvolvimento da nossa religião no Brasil.

 

Podem-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por pessoas do culto, verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação e os malefícios que produzem, não somente aos alvos de suas críticas, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, mas na religião como um todo que, a cada divulgação enganosa feita, cai no descrédito e na execração pública. Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.

 

A seleção será feita, naturalmente, por Ọ̀rúnmìlà e pelos Àwọn Òrìṣà (Orixás), através da ação de Èṣù. Só a Olódùmarè (Deus) cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a Ele cabe separar o joio do trigo.

 

Mas os ancestrais não cumpriram as determinações de Deus (Olódùmarè), trazidas e mostradas por Ọ̀rúnmìlà. Deus (Olódùmarè) usa os Òrìṣà para advertir o Homem, mas não obtém sucesso. O Homem não ouve os conselhos. Mesmo assim, o Homem ainda acusa a Ọ̀rúnmìlà. Mais uma vez não reconhecendo seus próprios erros.

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