Texto de Robert Daibert
“Na manhã do dia 12 de agosto de 1743, o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa submeteu Luzia Pinta a uma sessão de tortura. Após ter seu vestido arrancado, ela foi deitada em um potro, espécie de estrado de madeira com saliências pontiagudas, sobre o qual seu corpo foi amarrado com correias de couro. Como era de costume, nesse tipo de tortura, essas cordas eram puxadas com intensidade de modo a comprimir o torturado contra as pontas de seu leito (Dines, 1992: 1007).“
“Luzia era natural de Luanda, Angola, onde viveu antes de ser levada para o Brasil pelo tráfico negreiro no início do século XVIII. Os inquisidores tentavam desvendar os significados dos serviços espirituais que ela prestava à população de Minas Gerais em um ritual identificado como calundu.
O recurso à tortura era usado para descobrir possíveis evidências de um pacto demoníaco em suas práticas religiosas. Ao final, ela conseguiu escapar da morte, mas não foi considerada inocente. Na ausência de provas explícitas, seu pacto foi presumido. Sentenciada pela ‘abjuração de leve suspeita de ter abandonado a fé católica’, Luzia foi para sempre proibida de retornar a Sabará, e foi ainda condenada a quatro anos de degredo no Algarve.“
Fonte: DAIBERT, Robert. A religião dos bantos: novas leituras sobre o calundu no Brasil colonial. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 28, nº 55, p. 7-25, janeiro-junho 2015
Fonte da imagem: Retrato imaginário de Luzia Pinta (Fundo: Sabará, por A. V. Guignard), disponível em: https://sousabara.com.br/
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